Gerente de Auditoria de TI da Zurich compartilha sua jornada de transição de gênero

Diversidade e InclusãoArtigo31 de agosto de 2021

O grupo PrideZ da Zurich, os benefícios inclusivos dos transgêneros e um gerente de apoio desempenharam papéis centrais para que Faye Lynn conseguisse “finalmente ser ela mesma”.

Compartilhe isto

Por Wendy Donahue

A transição de gênero de Faye Lynn superou a pandemia do COVID-19 como sendo a maior transformação de sua vida profissional em 2020. Nos dois meses anteriores às medidas restritivas da pandemia que colocou as pessoas para trabalharem em casa, Lynn, gerente de auditoria de TI da Zurich América do Norte, se levantava e se vestia para ir trabalhar como a mulher que estava se transformando. Nessa época ela saia de sua nova casa em Chicago em direção à sede da Zurich em Schaumburg. Chegando lá, ela mudava  novamente.

Os aspectos sociais e clínicos de sua transição de gênero começaram no Ano Novo, quando ela iniciou a terapia hormonal e se apresentou como mulher em seu novo bairro. Mas ela ainda não estava pronta para compartilhar seus planos com a maioria de seus colegas de trabalho na companhia de seguros, que ainda a conheciam como o cara que desmistificou tecnologias, racionalizou processos complexos e orientou muitas pessoas durante os últimos 14 anos na Zurich.

“Então, eu saía de casa com um visual feminino quando chegava ao trabalho, tinha que achar algum lugar para voltar ao visual masculino. Antes de voltar para casa, tinha que voltar para o visual feminino”, disse Lynn, hoje com 44 anos. “Foi bem desafiador”.

Embora a pandemia tenha causado vários tipos de transtornos, o trabalho remoto e as máscaras simplificaram os aspectos da transição de Lynn no começo. Ela só precisava amarrar o cabelo, que ela estava deixando crescer, antes de cumprimentar os colegas na câmera nas reuniões pelo Microsoft Teams. Quando ela saia de casa, a máscara escondia as partes do seu rosto que ela achava mais masculinas.

Mas o maior alívio veio em maio de 2020, a partir do dia em que ela contou a seu gerente sobre sua transição. Ele perguntou como ela queria fazer e a ajudou a criar um plano. Em junho, ela contou à sua equipe, e pediu que eles começassem a chamá-la pelo seu novo nome.

“Sabia com certeza que haveria um período de adaptação e disse à equipe para não se preocupar se me chamassem pelo meu antigo nome; eu não ficaria com raiva”, disse ela.

“Depois disso, consegui finalmente ser eu mesma na frente de todos”.

Eles a apoiariam incondicionalmente. Lynn sabia disso.


O papel central do PrideZ

Desde a primeira vez que Lynn participou de uma reunião do grupo de funcionários do PrideZ da Zurich em 2019, ela sentiu uma sensação de segurança e conforto no trabalho, apesar da tristeza que sua decisão criaria em sua vida pessoal.

Ela foi criada em uma família tradicional na Indonésia. Casada, estava perto de seu 20º aniversário de casamento, e tinha um filho. Não havia contado a nenhum familiar sobre como se sentia confusa em relação ao seu gênero desde a 2ª série. Desde os 7 anos de idade, ela expressava seus sentimentos escrevendo histórias sobre personagens femininas fortes, na primeira pessoa.

“Eu entrei no PrideZ após um ano de sessões de terapia, onde pensei, ‘OK, acho que sou transgênero, não apenas alguém que tem a fantasia de se tornar o sexo oposto’. Com o PrideZ, estava entre pessoas semelhantes: LGBTQIA+. Nem todo mundo era ‘T’, mas era um espaço seguro para mim. Precisava desse apoio porque, naquela época, ainda estava no armário. Queria poder realmente dizer às pessoas quem eu era”.

No início, nas reuniões do PrideZ, ela só escutava. Não sabia muito sobre a comunidade LGBQTIA+, mas ela estava aprendendo.

Os estudos produzem estimativas variadas da representação LGBTQIA+ na população dos EUA. De acordo com uma atualização de 2020 de um estudo da Gallup de 2017, estima-se que 5,6% dos adultos norte-americanos se identificam como LGBTQIA+. Em 2020, a pesquisa permitiu, pela primeira vez, que os entrevistados se identificassem como transgêneros. Entre os adultos LGBTQIA+ do estudo, 11,3% identificam-se como transgêneros, uma porcentagem semelhante se identificou como lésbicas. Cerca de um quarto se identificaram como gay, e mais da metade como bissexual. (Os participantes do estudo podiam escolher mais de uma resposta).

Um dia, após ouvir as histórias das outras pessoas nas reuniões do PrideZ, Lynn falou pela primeira vez.
“Eu disse: ‘Quero contar um pouco sobre mim’. Na verdade, sou uma mulher transgênero”. Disse assim, bem direta. Não me escondi. A primeira vez que fui ao trabalho foi com a equipe de liderança do PrideZ, depois, com seus membros”.
Ela contou a sua esposa mais tarde, em 2019.

“Disse a ela que fui a um terapeuta e este foi o resultado”. Esperava que ela me entendesse porque ela sempre apoiou muito a causa LGBTQIA+. Achei que ela me aceitaria. Bom, ela começou a querer me deixar o quanto antes. Ela era tudo para mim, eu faria tudo para tê-la. Fomos a um terapeuta, mas nada a fazia mudar de ideia, mesmo quando eu lhe disse que não faria a transição se ela ficasse comigo. Quando finalmente tive a certeza de que ela estava indo embora, não importava o que fizesse, tive certeza de que a única coisa que podia fazer era seguir em frente e fazer a transição”.

Alguns meses depois, Lynn contou a seus pais e irmã, que viviam na área da Baía de São Francisco. Ela esperava o pior. “E aconteceu exatamente como pensei que aconteceria”, disse Lynn. Eles a repudiaram.Seu filho, que tinha 12 anos na época, foi um raio de luz em um momento de perda.

Ele se sentiu muito triste com a notícia do divórcio iminente de seus pais, chorou muito. Lynn esperou até depois do Natal para dizer a seu filho que era transgênero.

“Contei a ele em 2 de janeiro de 2020, que eu era uma mulher trans e que faria a transição. No começo, ele ficou quieto. Depois ele olhou para mim e me abraçou. Fiquei muito feliz em ter seu apoio”.

Ele nunca hesitou.

“Ele é realmente um anjo”, disse Lynn. “Ele me disse no ano passado, ‘Realmente, você parece bem melhor agora’. Logo, com ele está tudo bem”.


Benefícios da inclusão de transgêneros

Através do PrideZ, cuja Patrocinadora Executiva é Laura Rock, Chefe de Recursos Humanos da Zurich América do Norte, Lynn aprendeu que as políticas e benefícios da Zurich são inclusivos aos transgêneros, em parte devido à defesa do PrideZ e também devido ao compromisso da empresa com a diversidade, inclusão, igualdade e integração.

A comunidade transexual é diversa - uma palavra que pode descrever qualquer pessoa cuja identidade de gênero difere daquela atribuída ao nascimento. Muitos tratamentos e procedimentos médicos estão disponíveis para apoiar a transição de gênero. Nem todas as pessoas transgêneros passam por algum procedimento; algumas passam por vários.

Além da terapia hormonal, Lynn tem em mente duas cirurgias.

“No meu caso, quero fazer uma transição completa, que inclui transições sociais e cirurgias. A transição médica é muito cara. A maioria de nós, transgêneros, não consegue pagar por ela”, disse Lynn. “Tenho planejado muito bem o futuro desde a adolescência, o que significa que estou economizando bastante”. Mesmo continuando na Zurich, ainda não terei condições de arcar tal despesa. O seguro que tenho da Zurich é o motivo pelo qual poderei completar minha transição”.

Recentemente, ela recebeu a aprovação para realizar a cirurgia de feminização facial. A cirurgia irá remodelar os contornos de sua testa, mandíbula e pescoço, incluindo a laringe (pomo de Adão).

“São essas pequenas coisas que um cirurgião pode fazer para ajudar pessoas trans como eu, quando saímos de casa e não nos sentimos mal: ‘Passo por uma mulher ou não? Alguém vai me chamar para sair?’ Enquanto algumas pessoas trans podem não se importar se as pessoas sabem se são trans e até mesmo dizer com orgulho ‘Eu sou trans’, outras pessoas, como eu, que só querem se misturar. Queremos ir ao supermercado, caminhar entre as pessoas e que elas me vejam apenas como uma mulher, e não como uma trans”.

Ela espera fazer a cirurgia em dezembro porque o trabalho diminui e as pessoas conseguem tirar uma folga.

“Temos novos auditores de TI e um auditor júnior hoje. Como sou a mentora deles, não quero tirar uma licença médica longa”, disse ela. “Quero ter certeza de que eles estão prontos antes de provavelmente tirar duas semanas de folga”.

Ela espera realizar a segunda cirurgia, comumente chamada de cirurgia de mudança de sexo, na primavera ou no verão de 2022.

A consulta dela está marcada.


Navegando pelas mudanças

Para algumas pessoas trans, sua orientação sexual nunca muda. Mas, às vezes, ocorrem mudanças.

“Para mim, mudou e não sei por quê”, disse Lynn. “Hoje, sou bissexual”.

Ao longo de sua jornada, Lynn conseguiu mudar seu nome, o que envolveu esperar por uma data da corte, se virar com duas identificações por alguns meses além de ter que enviar sua documentação por fax a duas instituições financeiras. “Fax? Quem usa fax?”, disse ela. “Hoje em dia, todos possuem um meio seguro de transferência de arquivos”.

No início de sua transição no trabalho, ela, de forma metódica, agendou conversas algumas vezes por semana com velhos amigos e colegas para compartilhar que ela estava fazendo a transição.

“Meus colegas me apoiaram bastante”. Meus dois melhores amigos são da Zurich”, revelou. “E minha ex me ajuda bastante agora que não somos mais casados”.

Nos Estados Unidos, o apoio aos transgêneros está aumentando conforme aumenta a visibilidade, de acordo com a Campanha de Direitos Humanos, porém alguns desafios continuam. Em 2020, a Suprema Corte dos EUA afirmou que o Artigo VII da Lei de Direitos Civis de 1964 protege os gays e transgêneros da discriminação no local de trabalho, mas nenhuma lei federal abrangente contra a discriminação inclui a identidade de gênero. Muitos na comunidade continuam a sofrer assédio e violência, e enfrentam desigualdades no acesso a empregos, moradia e assistência médica.


Uma necessidade de ajudar as pessoas

Lynn está fazendo sua parte para levantar o estigma e aumentar a igualdade. Ela se uniu à equipe de liderança do PrideZ em 2019, e compartilhou sua história como parte das discussões sobre diversidade na Zurich, incluindo ser a palestrante convidada da Zurich Austrália em um evento da Pride que ela inicialmente pensou que seria uma palestra.

“Mas não, eu era a única palestrante. Durante cerca de 40 minutos, diversas pessoas me fizeram perguntas. E uma delas foi o CEO da Austrália. Estava muito nervosa no começo; minhas mãos estavam tremendo”, disse Lynn, rindo. “Obrigado Microsoft Teams; elas não conseguiam ver isso”.

Seu nervosismo na época foi contrabalançado por outro traço mais duradouro.

“Uma das minhas características é que preciso ajudar as pessoas – não apenas querer ajudar as pessoas”, disse Lynn. “Isso provavelmente não é muito saudável, mas eu meço minha autoestima de acordo com o número de pessoas que eu consigo ajudar.

O modo como percebo estas oportunidades, ser palestrante e esta entrevista, é que talvez haja pessoas que tenham medo de se assumir, mas quando perceberem que a Zurich aceita pessoas trans como eu, talvez se sintam seguras para finalmente mostrarem seu verdadeiro eu”.

“Além disso, como seres humanos, muitas vezes tememos ou desprezamos o que não sabemos e não compreendemos”. Se as pessoas começarem a entender que os trans são pessoas normais, e que não há um discurso escondido, e que só queremos ser respeitados como pessoas normais e ter oportunidades iguais, então espero que as pessoas aceitem mais e digam, OK, elas podem parecer diferentes, mas em sua essência, elas são como todo mundo”.